A saudade que nos deixa o jornalista Francisco Bilas
Difícil imaginar algum jornalista da nossa contemporaneidade que não sinta saudades do Francisco das Chagas Rodrigues, o nosso sempre estimado Chico Bilas. Hoje, é um dia para lembrar e buscar ensinamentos pela sua curta passagem, mas cheia de brilho e afeições. Não se trata de falar bem dos mortos, mas de ser grato por ter desfrutado da sua convivência, companheirismo e amizade.
No meu caso, além do reconhecimento profissional, houve favores pessoais que me fez ao longo de sua trajetória como jornalista de batente, desde quando repórter da TV Verdes Mares, passando pelo cargo de diretor editor do Diário do Nordeste, até a coordenação de Comunicação Social do então governador Lúcio Alcântara.. E havia entre nós ligações muito fortes.. Conterrâneo da cidade de Campo Maior, Município do Piauí, seus pais Joaquim e Elisabete Uchoa foram meus padrinhos de batismo na igreja católica..
Ainda criança me lembro de Bilas elaborando poesia para o seu pai, para festejar a data de seu aniversário. Mais adiante, num almoço de família em minha casa, ao lado de meus pais, quando ainda era estudante de Comunicação Social, lembrou a origem da alcunha, se tratava de um Matemático, que acabou adotando por ser mais apropriado para sua carreira. E, por fim, uma longa relação de chefe e subordinado, às vezes conflituosa, mas nunca injusta, na sua passagem como diretor do Diário do Nordeste por mais de 20 anos.
Ainda como assessor do Lúcio Alcãntara, viajou comigo ao Rio de Janeiro, quando fui finalista do Prêmio Esso, na categoria Região Nordeste, com o Cardeno Fronteiras Ameaçadas. Infelizmente, somente o perdi de vista por ocasião da sua doença. Mas não foi algo que aconteceu somente comigo. Sei de depoimentos de amigos muito próximos que não conseguiam falar pessoalmente, batiam em sua porta no apartamento e mantinha-se fechada, ou que tinham as ligações de telefone não atendidas, quando a doença tornou-se mais crônica. Ninguém pode sentir na pele os efeitos devastadores de uma doença que acontece com outros, que mexe com todas as estruturas emocionais e assim aconteceu com Bilas, que, por natureza própria, não era extrovertido. Mas as pessoas que ele queria bem compreendiam muito bem as dimensões de seu coração.
Assino embaixo as palavras de Wilson Noca, editorialista do Diário do Nordeste: Bilas engradeceu a categoria dos jornalistas. Foi um grande editor. Era homem que enxergava longe e tinha uma visão de futuro e antevia suas consequências. Seu mérito maior, ressalta, foi saber formar uma equipe.