Ciro alerta que modelo vai piorar a Economia

Fortaleza. Atualmente, o Brasil destina menos de 15% de seu orçamento para investimento. Países como a China reservam até 55%. Pior do que isso, se não houver um comprometimento de 30%, não será possível um desenvolvimento sustentável. A observação é do ex-governador do Ceará, Ciro Gomes, ao participar, ontem, do encerramento do Seminário Prefeitos Ceará 2016. Ao proferir palestra sobre "Desafios e Oportunidades para o Brasil", ele disse que não vê no governo de Michel Temer uma saída para a retomada do desenvolvimento nacional. Descreveu um cenário que tende a piorar e que está muito longe da meta de crescer 5% ao ano, somente para atender à nova demanda que deve ingressar no mercado de trabalho brasileiro.
Segundo Ciro Gomes, o País detém, no momento, um índice de 11% de desemprego. Até o fim do ano, acredita que deverá aumentar para 14%. O que ele entende como um futuro ainda mais desanimador é que as atuais políticas implementadas pelo presidente interino despontam para o pior.
Previdência
Para Ciro Gomes, há também informações não verdadeiras com relação à Previdência Social. Embora reconheça que a dívida foi crescente, em vista de que houve aumento na perspectiva de vida. No entanto, entende que o maior comprometimento com o pagamento das aposentadorias foi a vinculação de recursos da Previdência na Desvinculação de Receitas da União (DRU), com destinações diversas, inclusive para pagamento de juros a bancos.
Golpe
O ex-governador reiterou a crença de que é possível consertar o País, com a formação de um "capital feito em casa". Com isso, lembrou que é preciso incentivar a indústria dos produtos nacionais, inserir a universidade e buscar saídas modernas.
Ciro Gomes voltou a criticar o que chamou de manobra para derrubar a presidente Dilma Rousself. "Houve a junção de coisas ruins com o que há de pior", afirmou o ex-governador. "Evidentemente que foi um golpe parlamentar, que a presidente se fragilizou com as mentiras da última eleição e houve uma sensação desagradável com os escândalos que se produziam, mas ela é uma pessoa honrada e, mais do que isso, foi posta ali pelo povo brasileiro. Por isso que estamos vivenciando um golpe e a volta dela é a única saída para o Brasil recuperar o respeito perante o mundo.
Mentiras
Para Ciro Gomes, o povo não foi às ruas exatamente por causa das mentiras. Para ele, o povo está cansado de mentiras e não admite que os políticos recorram às mesmas práticas de enganação do passado.
Na sua opinião, a saída para o Brasil passa pela política e, sobretudo, pela democracia. Ele diz que não é questão se recorrer "ao anjo vingador", mas buscar saídas que a própria dinâmica política oferece.
Críticas
O ex-governador foi enfático ao criticar o atual modelo de desenvolvimento, por entender que um grande número de brasileiros está pagando um ônus que beneficia somente "meia dúzia" de pessoas. "É possível resolver essa equação e retomar o caminho do desenvolvimento nacional", disse.
Mas considera que o dano maior do atual modelo é congelar os atuais gastos com setores vitais, como a Saúde e a Educação. Apontou como "estúpidas" as medidas que vêm sendo propostas pelo governo de Michel Temer para retomada do desenvolvimento do País.
Ainda na tarde de ontem, a pauta econômica teve prosseguimento com palestra da diretora geral do Instituto Federal do Ceará (IFC), Cristiane Borges Braga, que conclamou não apenas os prefeitos, mas a indústria a se apropriar dos conhecimentos gerados pela aquela instituição de ensino.
Investimentos
No Painel Linhas de Investimentos/Projetos para os Municípios, que teve como presidente o colunista do Diário do Nordeste, Egídio Serpa, foi definido o perfil das principais instituições bancárias estatais, em que o Banco do Nordeste se apresenta mais próximo dos investimentos dos empresários; a Caixa, atuando mais no aspecto social e o Banco do Brasil, com ações voltadas para a produção rural.
O gerente de governo da Caixa Econômica Federal (CEF), Celso Lins, destacou que há recursos para a prefeituras, inclusive de grande vulto, por meio das Parcerias Público Privadas. Lins lembrou, como caso exitoso, a reforma do Aeroporto de Brasília, que teve os trabalhos iniciados quase ao mesmo tempo que o de Fortaleza, sendo que aquele foi concluído e hoje é exemplo de sucesso, com a concessão pela iniciativa privada por um prazo de 25 anos.
O superintendente estadual do Banco do Brasil no Ceará, Castro Júnior, discorreu sobre planos que são efetivamente positivos para as prefeituras, mesmo em tempos de queda no Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Ele lembrou que há também linhas de crédito específicas para desde a construção de infraestrutura das cidades até programas estudantis como o "Computador para cada aluno".
O Seminário Prefeitos Ceará 2016 foi encerrado com uma participação de mais de 600 pessoas, entre prefeitos, assessores e secretários municipais. Para o prefeito de São Gonçalo do Amarante, município localizado na Região Metropolitana de Fortaleza, Cláudio Pinho, o evento deste ano se superou pela pauta dos assuntos e a adequação com as principais necessidades vividas pelas cidades cearenses, em tempos de crise e queda de receitas. "Foi fundamental o aprendizado deste evento ocorrido na sua quarta edição", afirmou.