Erosão agrava abandono do Iguape


Iguape. Uma imagem de caos tomou o lugar de um dos mais bonitos cartões postais do Ceará. Neste trecho do litoral Leste, o mar com suas jangadas, coqueiros à beira-mar e a extensão faixa de areia agora mostra sinais da destruição. O avanço das ondas sobre as edificações no Iguape gerou mais uma praia degradada. Coqueiros foram arrancados, pedras tiveram que ser instaladas para conter mais erosão e os muros das casas receberam improvisações, após terem ido ao chão com os efeitos das últimas marés altas.
>Ocupação irregular na faixa de praia piora a degradação
São inumeráveis os danos materiais que afligem esta praia pertencente ao município de Aquiraz. Além dos moradores, os que têm tido maiores prejuízos são os comerciantes, principalmente os proprietários de barracas e pousadas.
O problema da erosão não é novo e já destruiu boa parte das edificações construídas próximas à praia, quer derrubando muros, quer colocando por terras paredes e até compartimentos de casas.
Casado e pai de uma menina, Glauber Mendonça da Silva conhece na pele tanto o drama de ser comerciante quanto o de ser morador do Iguape. Há pouco tempo, ele arrendou a pousada Iguape Beach, que já foi uma das mais sofisticadas daquele trecho do litoral. Com a erosão, houve a derrubada do muro, que quase atingiu a piscina. O prejuízo se faz sentir no comércio.
Boa parte dos barraqueiros daquela praia se transferiu para uma área mais recuada, a fim de não sofrer com mais erosões. No entanto, tudo indicada que foi uma medida tardia para os pequenos empreendedores. Das dez barracas instaladas, três estão definitivamente fechadas e quatro abrem apenas nos fins de semana.
Intensidade
A força dos ventos e a energia que exerce sobre as ondas do mar foram verificadas com maior intensidade há três anos. A Secretaria de Turismo de Aquiraz disse que primeira providência tomada foi a retirada de areia, inclusive na passagem que dava acesso à praia de Barro Preto, também em Iguape. Para a comunidade local, a situação requer a construção de um espigão, a fim de que mais prejuízos e danos não sejam sofridos.
A relação de revezes na área não ficou só nisso. Guerras de facções criminosas afastaram os banhistas e veranistas. A prova maior disso foi durante o Carnaval. Com capacidade de ocupar até dez apartamentos, Glauber alugou apenas um, fazendo com que desistisse do negócio. Atualmente, é caseiro de uma propriedade que pertence a um casal holandês. Ele conta que o imóvel foi dilapidado recentemente por vândalos e criminosos. "Aqui virou um lugar de horror e afastou as pessoas", conta.
Disciplinamento
O coordenador de Meio Ambiente da Prefeitura de Aquiraz, Tiago da Ponte, diz que a situação do Iguape é a mais preocupante dentre 42 quilômetros de praia de todo o Município.
Ponte explica que há uma vulnerabilidade maior naquela área, em vista da ocupação desordenada, tanto na faixa de praia, quanto nas zonas de dunas. "Os moradores mais antigos lembram que, há 30 anos, o mar chegava até algumas ruas onde hoje estão construídas várias edificações", conta. Para o coordenador de Meio Ambiente, é fundamental que a gestão reforce o disciplinamento para que novas ocupações não ocorram, inclusive evitando que mais danos aconteçam na região.
No entanto, vê como um mal necessário a construção de um espigão. Segundo diz, mais cedo ou mais tarde, esse recurso terá que ser executado, a fim de evitar outras perdas das faixas de praia, atingidas pela ação agressiva das ondas e marés sobre as edificações.