Laboratório do Nutec está parado há dois meses por problemas técnicos
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Fortaleza. Há dois meses que o Laboratório de Análise de Alimentos, mantido pela Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial do Ceará (Nutec), está com suas atividades suspensas. Problemas técnicos em equipamentos que não passaram por serviços de manutenção estão prejudicando a obtenção de laudos com relação a resíduos químicos. O local é o único especializado neste trabalho no Estado. A gerência do Nutec estima que a retomada das atividades ocorrerá ainda neste ano.
Com uma atividade singular no exame de produtos químicos, especialmente, com relação ao uso de agrotóxicos em produtos hortifrutigranjeiros, o laboratório se ressente da manutenção de instrumento fundamental para as análises, que é o cromatógrafo, além de ampliação do quadro técnico para atendimento da demanda, que tanto é formada por órgãos públicos quanto pela iniciativa privada.
O gerente da Área de Alimentos e Química, Jackson Malveira, informou que a suspensão dos trabalhos se deu por conta da falha técnica do cromatógrafo. Como a fundação é vinculada administrativamente à Secretaria de Ciência e Tecnologia, já foram encaminhados o processo para aporte de recursos do serviços de manutenção, além da aquisição de novos padrões para as análises. Ele informou que a liberação da verba tramita na Procuradoria Geral do Estado, para emissão de parecer no prazo mais curto possível, diante das demandas que chegam ao Nutec.
"A dificuldade maior é em vista das dificuldades burocráticas, mas esperamos que a liberação dos recursos ocorra a qualquer momento", afirmou Jackson. Ele lembrou que outros órgãos estaduais também compartilham da pressa na retomada das atividades, como é o caso da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), que solicitou a análise química de cerca de 1000 mil pontos de mananciais no Ceará, no sentido de verificar contaminação e potabilidade da reserva.
Produtos orgânicos
O Diário do Nordeste também solicitou análises do Nutec, a fim de verificar se produtos orgânicos vendidos em estabelecimentos comerciais de Fortaleza estariam isentos de qualquer contaminação por agrotóxicos. A última pesquisa foi publicada em 25 de maio de 2012, focando pimentão, alface, tomate, pepino e bananas, que foram examinados tendo como base ingredientes ativos em pesticidas usados como defensivos agrícolas.
Em 2011, uma outra pesquisa publicada em 8 de dezembro, identificou a contaminação em pepino e tomate comercializados na Central de Abastecimento do Ceará (Ceasa), que apresentaram substância agrotóxica proibida. Tratava-se do Clor-pirifós, que tem sua comercialização vedada no País.
Jackson reconhece que a suspensão temporária dos serviços gera uma queda no fluxo de caixa, já que o laboratório tem uma ação singular no Estado, atendendo diferentes demandas relacionadas aos segmentos de alimentos e água. "A paralisação dos equipamentos é algo que acontece normalmente, em decorrência da sensibilidade do funcionamento. É algo parecido com que acontece também em hospitais", comparou.
Outro problema ressentido na Área de Alimentos e Química é quanto à redução de quadros. Atualmente, uma única técnica, Cleidiane Lima, realiza as análises e emite os laudos. Ela destacou que em função do aumento da demanda, há uma necessidade de ampliação do corpo técnico especializado. "Com apenas uma pessoa para a emissão de laudos, há uma demora muito maior para conclusão dos resultados", ressaltou.
Marcus Peixoto
Colaborador