Vaquejada em Itapebussu atrai cerca de 100 mil pessoas

 

 

A união de aspectos tradicionais do meio rural e a organização urbana explicaram o sucesso da iniciativa

No sábado passado, houve o II Leilão de cavalos de quarto de milha, destinados para competições de vaquejada e corrida. Os animais eram criados nos haras Primavera, Integral Mix e Ana Dantas. A estimativa de negócios foi em torno de R$ 1 milhão

Foram mais de mil competidores, entre profissionais e amadores, que participaram das competições esportivas, com uso de cavalos e gado, durante os últimos quatro dias, atraídos por prêmios que somaram cerca de R$ 165 mil fotos: kid Júnior


Maranguape. Uma confluência do urbano, por conta da aproximação com a Capital, com o rural, onde a tradição sertaneja se faz presente pela vaquejada. Essa foi a marca das atrações que aconteceram de quinta-feira passada até ontem em Itapebussu, em Maranguape, numa expectativa de público em torno de 100 mil pessoas, segundo dados dos organizadores do evento.

Mesmo com o período de seca verificado este ano, a atenção para estabelecer normas que impliquem em menos danos aos animais e a demanda por maior profissionalismo foram desafios superados e até comemorados.

A 67ª edição da Vaquejada de Itapebussu, que além das competições de profissionais e amadores na pista para derrubada do boi, constou de leilões, shows artísticos e toda uma movimentação comercial de alimentos, bebidas e souvenirs mais uma vez movimentou a economia do município de Maranguape.

Recorde

O proprietário do Parque Novilho de Prata, onde acontece a Vaquejada de Itapebussu, José Ilson Frota, diz que são várias as explicações para que a iniciativa sempre apresente recorde de público e de negócios. Na vaquejada, são mais de mil competidores, entre profissionais e amadores (A e B) em busca de R$ 165 mil em prêmios.

Além de ser a mais antiga do mundo, ou como José Ilson diz a mais antiga do mundo, a vaquejada tem uma característica toda particular, que é a união de valores urbanos e rurais.

Desse modo, é fácil verificar no traje, na espontaneidade e na organização a união desses dois elementos culturais. Um comportamento típico do frequentador é o uso de chapéus e botas de couro, numa referência direta ao vaqueiro e os seus costumes. Por outro lado, conforme salienta José Ilson, há uma infra estrutura que se firma nos valores urbanos para comportar tamanho número do público numa área de 80 hectares, equivalente a quase 70 campos de futebol.

"Para continuar sendo uma referência nesta atividade, não podíamos descuidar da organização, que implica em assistência médica 24 horas, policiamento, segurança privada e boas atrações para atrair o público", diz o proprietário do parque.

Assim, lembra que foi importante se fazer parceria não apenas para manter a tradição do evento, como de assegurar um crescimento constante como um empreendimento viável economicamente e bem estruturado para o investimento de diferentes segmentos empresariais, especialmente os setores agropecuários e de entretenimento. Da parte dos espetáculos, bandas de forrós e artistas identificados com a cultura sertaneja fizeram a animação nos quatro dias. Dentre os shows realizados, participaram nomes consagrados pelos fãs e pelos amantes da música regional e de renome nacional como Garota Safada, Zezé di Camargo & Luciano, Forró da Curtição, Ítalo & Renno, Aviões do Forró, Toca do Vale, Lagosta Bronzeada e Forró dos Plays. "São mega eventos que garantem ainda mais o sucesso de público e a confirmação do parque como um entretenimento seguro", afirma José Ilson.

Leilão

Este ano, também aconteceu o II Leilão Itapebussu Quarter Horse, considerado uma oportunidade de se compartilhar de um patrimônio genético de Velocidade para Vaquejada, Corrida e Tambor, onde foram oferecidos 42 lotes de animais.

O organizador da iniciativa, Rafael Leal, disse que a meta era atingir um R$ 1 milhão em negócios. Os cavalos quarto de milha têm origem nos haras Primavera, Integral Mix e Ana Dantas.

"Aqui temos compradores de várias partes do Brasil. É realmente um evento que se firmou no Nordeste", ressalta Rafael Leal. Ele lembra que a seca que atingiu a Região ano causou menos danos para a criação de equinos, ao contrário dos bovinos.

Para os organizadores, a união dos dois eventos propicia além da confraternização entre criadores, competidores e o público em geral, além de representar numa maior integração entre os amantes da vaquejada.

Congraçamento

Não obstante as diferenças sociais, um ponto de convergência é o congraçamento de diferentes tipos de pessoas. Pelo menos, essa é a opinião da estudante Claudiana Sousa, 18 anos.

Filha de vaqueiro e residente em Caucaia, conta ser uma frequentadora pontual de vaquejadas, especialmente a de Itapebussu. Acompanhadas de amigas, participava no sábado de mais uma edição.

"Aqui temos um ambiente de muita alegria e de confraternização. Revemos amigos e conhecemos pessoas novas que se tornam próximas pelo gosto comum desse esporte".

Classificar vaquejada como esporte é uma convicção para Claudiana, que considera haver escrúpulos exagerados em se falar nos maus tratos de animais. "Acho que há muita hipocrisia, porque se fosse ilegal não existiria competições parecidas em vários Estados", observa.

Uma outra característica forte é a movimentação econômica. A servidora municipal Dadinha Saturnino lembra que é comum nesta época do ano as pessoas de Itapebussu saírem de suas casas para alugar os imóvies para visitantes. O valor de um aluguel por final de semana chega até a R$ 5 mil. Além disso, há todo um comércio informal que se instala na parte interna e externa do parque. Vendedores de bebidas, comidas e souvenirs, como camisas e chapéus, obtêm uma renda considerável diante de uma demanda que não para de crescer a cada ano.

Essa é a opinião do comerciantes José Osvaldo Cardoso, nascido em São Gonçalo do Amarante. Acompanhado da mulher e uma filha, vendia bebidas e comidas na área externa. Ele diz que há a concorrência acirrada com os demais comerciantes resulta em um aspecto positivo para a clientela, que é ciosa por melhores preços e condições de higiene no manejo de alimentos. "Não tenho que reclamar. Aliás, essa tem sido para nós uma grande festa em todos os sentidos", assevera José Osvaldo.

Enquete

Como avalia a festa em Itapebussu?

"Para mim é uma oportunidade de ganhar uma renda extra e também uma diversão. Gosto da movimentação do público e por isso não vejo meu trabalho como recepcionista como cansativo"

Taciana Rodrigues
Estudante

"Vejo como a melhor vaquejada do Estado e um lugar onde a alegria predomina por toda parte. Acredito que as regras no manejo dos animais reduzem riscos de maus- tratos, o que ninguém gostaria de ver"

Ananias Júnior
Empresário

O Parque Novilho de Prata, que pertence a José Ilson Frota, possui uma área de 80 hectares, o que equivale a quase 70 campos de futebol

A iniciativa reuniu competições, leilão e festejos com artistas regionais de renome nacional, desde a quinta-feira passada e encerrada ontem

MARCUS PEIXOTO

REPÓRTER

Marcus Peixoto

Bruno Prior é pintor, ambientalista e pastor protestante. Ele se envolve numa série de crimes, incluindo desde falsificação de quadros até lavagem de dinheiro. Por enganar um bispo evangélico para a construção de uma igreja no Red Light (Luz Vermelha), em Amsterdã, passa a ser alvo de uma caçada internacional. O dinheiro avaliado em milhares de euros é convertido em drogas e orgias.

Livro impresso: R$ 31,23
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