Entidades desaprovam contratação de médicos



Frente à possibilidade da contratação, pelo governo federal e pela Prefeitura, de médicos estrangeiros para atuar nas periferias e cidades do Interior do Estado sem a revalidação de seus respectivos diplomas, a competência desses profissionais no atendimento à população tem sido questionada por representantes da categoria no Ceará. A discussão fica ainda mais intensa quando se observa o enorme índice de reprovação no processo de autenticação do título em Medicina obtido no exterior.

Para protestar contra a não cobrança do "Revalida", estudantes e médicos realizaram manifestação, sábado, na Praça Portugal FOTO: LUCAS DE MENEZES

Para protestar contra a não cobrança do "Revalida", estudantes e médicos realizaram manifestação, na manhã deste sábado, na Praça Portugal. Em seguida, eles saíram em passeata pela Av. Desembargador Moreira, até à Beira-Mar. Eles coletaram assinaturas para o abaixo-assinado contra a inclusão de médicos estrangeiros no Brasil sem a necessidade de cobrança de prova de revalidação de diplomas.

De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), em 2012, cerca de 90% dos candidatos ao Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos expedidos por Universidades Estrangeiras (Revalida) não foram aprovados. Dos 884 inscritos, apenas 77 passaram no teste. Países como Cuba e Portugal, por exemplo, cujos profissionais estão sendo mais cotados pelo governo federal, tiveram menos de 40% dos candidatos qualificados.

Para José Maria Pontes, presidente do Sindicato de Médicos do Ceará (Simec), o grande índice de reprovação no exame é reflexo dos precários padrões de ensino em algumas universidades de outros países. Ele aponta que muitas instituições não oferecem a estrutura adequada para a formação completa e eficiente. "Existem faculdades por aí afora que têm 500 alunos de Medicina numa sala de aula. Outras não possuem um hospital escola e algumas não têm aulas práticas, somente teóricas".

Irregularidades

Além de partilhar da opinião do Sindicato, Dalgimar Beserra, primeiro-secretário do Conselho Regional de Medicina do Estado do Ceará (Cremec) e responsável pelo registro dos diplomas revalidados, faz, ainda, uma grave denúncia. Segundo ele, mesmo sem passar por todas as etapas do processo de avaliação, que inclui, por exemplo, testes de habilidades clínicas, muitos títulos são autenticados à força por ordem judicial.

Com a demora nos trâmites de legitimação dentro das universidades, candidatos recorrem à Justiça para exigir a revalidação. Beserra diz que pelo menos seis diplomas já foram aprovados assim nos últimos anos. "As universidades seguramente reagem à decisão, mas isso é estupro das leis vigentes. Para entrar aqui, a pessoa tem que passar pelo processo de revalidação. Se não passar por todo o rito, ela não legitima o título de médico".

A diretora do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Estadual do Ceará, Gláucia Posso Lima, não confirma a acusação. Conforme ela, que é presidente da comissão de revalidação da instituição, a autenticação realizado na universidade, diferentemente do Revalida, aconteceu pela última vez em 2010 e, até agora, revalidou oito títulos. "Não revalidamos nenhum diploma por ordem judicial. Tanto é que levou esse tempo todo para aprovar somente oito". Já Neile Torres, membro da Subcomissão de Revalidação de Diplomas do Inep e professora da UFC nega o fato. "Estamos livres disso porque nosso sistema é o Revalida, que tem todos prazos definidos por edital. Se está acontecendo em outras universidades, não posso dizer".

VANESSA MADEIRA/MARCUS PEIXOTO
ESPECIAL PARA CIDADE/REPÓRTER

Marcus Peixoto

Bruno Prior é pintor, ambientalista e pastor protestante. Ele se envolve numa série de crimes, incluindo desde falsificação de quadros até lavagem de dinheiro. Por enganar um bispo evangélico para a construção de uma igreja no Red Light (Luz Vermelha), em Amsterdã, passa a ser alvo de uma caçada internacional. O dinheiro avaliado em milhares de euros é convertido em drogas e orgias.

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