Quadra chuvosa fica 50,3% abaixo da média histórica
om chuvas de 296 mm no Estado, o ano seco em 2013 confirma os prognósticos negativos da Funceme
Fortaleza. As chuvas caídas nos três últimos meses, fevereiro, março e abril, foram 50,3% abaixo da média histórica. O período, considerado o mais intenso da quadra chuvosa no Estado, caracterizou-se pela baixa pluviosidade e confirmou os prognósticos negativos da pluviosidade divulgados pela Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme) para este ano. Ontem, choveu em 113 municípios, sendo que a maior precipitação aconteceu em Quixeramobim, no Sertão Central, com 83mm, seguindo por Pedra Branca, com 46mm.
Pelos registros do órgão, a macrorregião do Litoral de Fortaleza foi a que choveu mais em 2013, com 726,68mm. Porém apresenta um desvio negativo de 53,7% em relação à média histórica. Com chuvas de 707,2mm, o Litoral Norte teve uma variação negativa menor, com 40%. Já o Sertão dos Inhamuns, com 465,5 registrou a mais baixa pluviosidade do Estado, sendo 59,5% abaixo da média histórica.
Na avaliação da Funceme, este ano se apresentou como o de chuvas mais escassas do que no ano passado, quando a pluviosidade foi de 330mm, representando um desvio de 44%.
Expectativa
Para o meteorologista Raul Fritz, o quantitativo de chuvas neste ano não representou nenhuma surpresa, mesmo com o fato de ter havido uma seca mais severa do que em 2012. Ele lembrou que, desde os primeiros estudos da Funceme neste ano, não havia condições favoráveis no Oceano Atlântico.
Segundo Raul Fritz, as expectativas para este mês não são favoráveis. Os prognósticos são de chuvas dentro da normalidade ou, como é mais provável, abaixo da média histórica.
"Não temos mudanças significativas no Oceano Atlântico para atestar um quadro chuvoso mais intenso", disse Fritz. Ele lembrou que havia uma expectativa de que águas mais frias e mais quentes, respectivamente nos Atlânticos Norte e Sul.
"No melhor dos casos, teremos chuvas em maio dentro da normalidade", disse o meteorologista, mas as configurações oceânicas, mesmo desconsiderando a neutralidade dos fenômenos El Niño e La Niña, não se apresentam favoráveis para precipitações consideráveis.
Historicamente, o ano mais seco que se tem notícia foi 1958, quando choveu 230mm; seguindo por 1998, com 270mm; 1993, com 290mm; 1983, com 315 mm; 2010, com 320mm; e 2012, com 330 mm.
"Este é um ano que lembra 1993. Mesmo com a recuperação das chuvas no mês passado, não houve uma média de intensidade que compensasse o fraco desempenho de fevereiro e março", disse.
Apesar de haver registros de anos seguidos de seca, Fritz disse que não há recursos para se fazer um prognóstico sobre o próximo ano.
Ele chamou a atenção que em uma década, de 2003 a 2013, houve também três anos bom de chuva, tais como em 2009, com 1239mm; 2004, com 1042mm; e 2011, com 1010mm.
No entanto, este ano acabou sendo atípico, uma vez que as precipitações aconteceram com maior volume nos primeiros meses e menos intensas nos últimos dois meses da quadra chuvosa. Com isso, explicou que não há como verificar a possibilidade de extensão de um ano seco a partir do que acontece na estatística de cada período anual.
Até mesmo o fato de que os anos mais secos são sempre associados com a presença dos El Niño e as condições desfavoráveis do Oceano Atlântico não se fez sentir neste ano, quando o Pacífico não exerceu influência na quadra chuvosa do semiárido nordestino.
De acordo com a Funceme, o feriado e os próximos dias poderão apresentar chuvas localizadas, especialmente no Litoral de Fortaleza e no Sertão Central.
Previsão
Já em 23 de março passado, durante a divulgação do terceiro prognóstico de chuvas, a Funceme informou que as possibilidades eram bem maiores para chuvas abaixo do normal. Para o período de abril, maio e junho, os percentuais de 25%, 35% e 40% eram, respectivamente, para as categorias chuvosas acima do normal, normal e abaixo do normal, repetindo assim as previsões anunciadas em fevereiro.
As informações foram prestadas tendo como base estudos realizados por técnicos do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Cptec/Inpe), da Funceme) e dos núcleos de meteorologia dos Estados no Nordeste.
"Infelizmente, foram previsões que se confirmaram e, pelo menos por enquanto, não apresentam possibilidades de mudanças, que possam alterar o quadro atual", afirmou Fritz.
CHUVAS NO CEARÁ
Município mm
Quixeramobim..........................................83
Pedra Branca..............................................46
Ipueiras.........................................................43
Russas........................................................41,2
Croatá.............................................................41
Tamboril.......................................................40
Boa Viagem.................................................39
Tabuleiro do Norte...............................38,2
General Sampaio.......................................38
Russas............................................................37
Aratuba.........................................................36
Capistrano....................................................33
Ipaumirim....................................................30
Crateús...........................................................26
Fortaleza......................................................22
Mais informações
Funceme
Avenida Rui Barbosa, 1246 - Aldeota, Fortaleza
Telefone: (85) 3101.1088
https://www.funceme.br/
MARCUS PEIXOTO
REPÓRTER
