SDA aumenta valor do ´Leite Fome Zero´ a partir de março

Fortaleza. A partir de março deste ano o preço do litro de leite, fornecido pelo Programa Leite Fome Zero, será pago a R$ 0,95 para o produtor. Apesar do reajuste, que antes o litro valia R$ 0,80, o preço é considerado baixo pelos pecuaristas e não recupera as perdas sofridas pelo segmento, devido à seca ocorrida no ano passado.

O Programa foi criado para auxiliar as famílias de baixa renda, ao mesmo tempo em que se incrementava a cadeia produtiva do leite FOTO: ALEX PIMENTEL

A medida foi tomada pelo Governo do Estado, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). O anúncio aconteceu, ontem, em reunião ocorrida entre o titular da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), Nelson Martins, representantes da Câmara Setorial do Leite, laticinistas e produtores.

Martins disse que a medida contempla antigo pleito dos produtores, uma vez que reivindicavam um valor de R$ 1,00 por litro. "Isso está muito próximo do que a categoria pedia", afirmou o secretário da SDA.

Produtividade

De acordo com o secretário, o reajuste está condicionado a um aumento da produtividade, que é de 100 mil litros por dia. Ele lembrou que o aumento da oferta ampliará o caráter social do programa, principalmente atendendo as famílias de baixa renda, em virtude das dificuldades vividas pelo período da seca.

Aliás, Martins disse que a seca não é problema para o aumento da produção. Explicou que boa parte da produção provém do grande produtor, que conta com agricultura irrigada para a produção do alimento animal.

"Segundo dados da Adagri (Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará), o Ceará possuia cerca de 2,7 milhões de cabeças de gado. Com a seca, houve uma perda de 70 mil, o que representa um índice de 2,6% de todo o rebanho do Estado", salientou.

Na sua avaliação, os efeitos da ausência da quadra chuvosa penalizou muito mais os agricultores familiares e pequenos e médios produtores. "Nós acreditamos que o valor pago é uma forma de incrementar a cadeia do leite, que passa a ter maior estímulo, uma vez que o preço está compatível com o mercado", observou Martins.

Queda

Ele disse que houve, de fato, uma queda na produção entre 30 e 40%, mas que foi retomada nos últimos meses, após o último reajuste, quando o litro do leite passou a ser comprado por R$ 0,80. Desde então, conforme lembrou, a produção girou em torno de 80 mil litros diários.

"Agora pretendemos retomar a produção dos 100 mil litros diários, porque há um preço compensador", ressaltou.

Ao mesmo tempo, informou que o Governo do Estado irá priorizar neste ano a alimentação animal, a fim de se formar uma reserva alimentar.

Para tanto, disse que a SDA e o Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs) irá formar uma parceria para levantar áreas públicas e privadas, para plantio de áreas irrigadas com fins de produção de forragem. Iniciativa nesse sentido já existe por irrigantes particulares na Chapada do Apodi e por parte do Governo do Estado em Mandacaru, no entorno do Açude Castanhão, onde numa área de 300 hectares, vem sendo plantados sorgo e palma forrageira.

Por enquanto, o grande incentivo para o setor do leite é o aumento do valor do litro, pois ele acredita que representa num mercado valioso e tão rentável, a partir de agora, do que a destinação para queijos e outros derivados dos laticínios.

A luta por um valor mais justo para o produto é antiga. Na verdade, teve início quando o preço era de R$ 0,72 para R$ 0,80 por litro, o que representava num reajuste de 11%.

O pagamento era para ser retroativo ao mês de julho de 2012. No entanto, os produtores dizem que nunca receberam essa diferença.

Para o presidente da Associação dos Produtores de Leite dos Inhamuns, entidade com cerca de 130 produtores, Francisco Marcelino Gonçalves, esse reajuste pouco significará para a retomada da pecuária no Ceará.

Insumos

Segundo ele, não é uma questão agora de se aumentar para R$ 0,95 ou um valor maior. Embora lembre que houve aumento considerável nos insumos. A saca de milho que antes custava R$ 26,00 passou para R$ 56,00. A saca da torta custava R$ 28,00 e hoje é comprada por R$ 58,00.

"A pecuária está acabada no Ceará. Estamos abatendo as matrizes, por uma questão de economia", disse. Ele explica que essa situação se aplica tanto à ovinocultura quanto à caprino- cultura. "Essa situação é mais grave nos Inhamuns. Muitos fazendeiros estão querendo vender suas fazendas e não estão conseguindo compradores", acrescentou.

Ele explica que a situação da pecuária é das mais graves, em função da seca ocasionada no ano passado. Por isso, não acredita que mesmo a agricultura irrigada possa salvar o setor. "Não existe água nos açudes. Não houve recarga neste mês e, por isso mesmo, o quadro é crítico", asseverou Marcelino.

Programa

A Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA) é a responsável pela distribuição no Ceará do programa Leite Fome Zero, a partir da produção de 2.800 fornecedores do produto "in natura". O alimento é captado por 14 indústrias de beneficiamento de laticínios, que, após processar e pasteurizar, distribui o leite para 180 municípios.

Com isso, são beneficiadas 100 mil famílias em estado de vulnerabilidade alimentar com um litro de leite por dia, sendo 95 mil litros do produto de origem bovina, e o restante de origem caprina.

O Programa Leite Fome Zero tem o objetivo de combater a fome e desnutrição, atendendo crianças de 2 a 7 anos, gestantes e idosos acima de 60 anos, em situação de insegurança alimentar e nutricional, pertencentes a famílias com renda "per capita" de até meio salário mínimo.

O programa visa ainda fortalecer a cadeia produtiva do leite, por meio da geração de renda ao produtor familiar, que fornece o produto para o governo.

É uma parceria entre o Governo Federal e Estadual, que compram o leite dos produtores e distribuem aos beneficiários. Para serem contemplados com os Centros de Produção Comunitária, os produtores de leite precisam produzir o máximo de 100 litros de leite/dia.

MARCUS PEIXOTO
REPÓRTER

 

Marcus Peixoto

Bruno Prior é pintor, ambientalista e pastor protestante. Ele se envolve numa série de crimes, incluindo desde falsificação de quadros até lavagem de dinheiro. Por enganar um bispo evangélico para a construção de uma igreja no Red Light (Luz Vermelha), em Amsterdã, passa a ser alvo de uma caçada internacional. O dinheiro avaliado em milhares de euros é convertido em drogas e orgias.

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