Símbolos do Império ainda se impõem em Fortaleza

por Marcus Peixoto - Repórter
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A cidade de Fortaleza conserva monumentos e equipamentos públicos que remetem à época do Império, como a Casa do Barão de Camocim, a Avenida Duque de Caxias e Praça Pedro II ( Fotos: josé leomar )
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Avenida Duque de Caxias
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Praça Pedro II

Sem festejos expressivos alusivos à Proclamação da República, data celebrada ontem, ícones da aristocracia nacional e, particularmente, do período imperial, dão demonstração de vínculos ainda mais fortes com a cidade. Monumentos, avenidas bem localizadas e solares pertencentes ao baronato renovam a constatação de como a nobreza do passado se impõe sobre símbolos republicanos.

Se a Proclamação da República foi considerada como um ato monótono pelos principais historiadores cearenses, como Raimundo Girão, a apatia com a data se faz verificar na ausência de aulas de campo, presença de instituições militares para reforçar a simbologia cívica e homenagens aos protagonistas da mudança de regime no Ceará.

Enquanto Dom Pedro II, último imperador brasileiro, Duque de Caxias, a Avenida do Imperador, e a Casa do Barão de Camocim (recentemente restaurada para funcionar a Casa Cor) mantêm-se relativamente limpas e arborizadas, o mesmo não se verifica na Rua Marechal Deodoro, no Benfica, homenagem acanhada ao primeiro presidente republicano do Pais. Além de mal localizada, comparativamente com os principais símbolos da aristocracia que ficam na área central da cidade, essa se encontra com várias rampas de lixo e mal cuidada.

A maior valorização às personalidades da nobreza, em detrimento da República, é reforçada pelo doutor em História Erick Assis de Araújo. Para ele, o fato é que a República já nasceu sem força, conforme diz, por não implicar em mudanças profundas, como era o caso do latifúndio e da concentração de renda. Ao mesmo tempo, a nobreza não perdia seu fascínio, em vista de que se apresentava como uma ordem de classe mais estável, muito próxima da família e por ser bem representativa da hierarquia social.

"Um dos fatores de maior identificação com a Monarquia ou o Império se dava pela figura do militar: as representações dos imperadores sempre com o uso da farda, da arma (a espada) e as atitudes heroicas", observa. Para Erick, a apatia constatada por Raimundo Girão com a mudança de regime, em que reportou com um mero gesto de descerramento de placa, deu-se também porque havia uma continuidade das mazelas, das desigualdades brasileiras e, especificamente, do cearense, com a presença forte do estado, a venda de cargos e o poder cartorial.

No Ceará, foram concedidos dois títulos de baronato: o Barão de Aratanha, que manteve seu solar no bairro da Parangaba, e o de Camocim, com a casa ainda mantida, na Rua Meton de Alencar, ao lado da Faculdade de Direito, mantida pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Ao contrário dos nobres europeus que recebiam salários, os brasileiros almejavam o título apenas pelo status.

Praça da Sé

Numa ronda pelas ruas centrais da Capital, tem-se uma noção muito forte de como o Império manteve sua influência. A estátua do imperador Pedro II, erguida em 1912, dá o nome à praça. Embora o logradouro seja mais conhecido como Praça da Sé, é o monumento mais bem localizado dentre os homenageados históricos da cidade: fica defronte à Catedral Metropolitana, ao lado do Quartel General da 10ª Região Militar e do Mercado Central, instalados na Avenida Conde D'Eu, no Centro.

A estudante Carolaine Souza reconhece seu desconhecimento do nome verdadeiro da praça. No entanto, elogia como o lugar propicia um polo comercial, passando a ser uma referência importante de Fortaleza. Do mesmo modo, as avenidas Duque de Caxias e Imperador, que se cruzam, também são bem mais notadas pela influência europeia, que exportou para a Capital o conceito de boulevard, uma via larga contornada por árvores.

Marcus Peixoto

Bruno Prior é pintor, ambientalista e pastor protestante. Ele se envolve numa série de crimes, incluindo desde falsificação de quadros até lavagem de dinheiro. Por enganar um bispo evangélico para a construção de uma igreja no Red Light (Luz Vermelha), em Amsterdã, passa a ser alvo de uma caçada internacional. O dinheiro avaliado em milhares de euros é convertido em drogas e orgias.

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